MPPA deflagra operação para apurar crimes contra a administração pública em Ananindeua

O Centro Integrado de Investigação do Ministério Público do Estado do Pará (CII/MPPA), por delegação da Procuradoria-Geral de Justiça e com apoio do Grupo de Atuação Especial de Inteligência e Segurança Institucional (GSI), deflagrou na nesta terça-feira, 5 de agosto, a "Operação Hades". A ação tem como objetivo apurar indícios de fraudes em processos licitatórios, corrupção ativa e passiva, além de crimes de lavagem de dinheiro supostamente praticados por agentes públicos e empresários com atuação no município de Ananindeua.
Os mandados de busca e apreensão foram autorizados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) e cumpridos simultaneamente na Região Metropolitana de Belém, em municípios do interior e também fora do estado.
Durante as diligências, foram apreendidos documentos, aparelhos eletrônicos, celulares e diversos bens de alto valor. Entre os itens confiscados estão 16 relógios de luxo — avaliados em conjunto em mais de R$ 3 milhões.
Em decisão judicial, foi determinado o afastamento cautelar do prefeito de Ananindeua, que está entre os 16 investigados. A medida foi fundamentada em provas consistentes reunidas no curso da investigação, as quais evidenciam a prática de coação de testemunhas por parte do investigado. As condutas apontadas caracterizam abuso de autoridade e uso indevido do poder econômico, com o objetivo de interferir no regular andamento da apuração, inclusive por meio de transferências financeiras.
Em entrevista coletiva à imprensa, o promotor de Justiça Arnaldo Azevedo, coordenador do CII, explicou os fundamentos da operação e os desdobramentos esperados a partir das provas já reunidas.
"A partir do momento em que se descobre, no curso da investigação, estes desmandos todos que já foram relatados como aquisição de patrimônio com empresas que tenham contratos ativos com a municipalidade, pagando bens para servidores ou agentes políticos do município, isso efetivamente demonstra uma improbidade administrativa, um crime de corrupção e de lavagem de dinheiro", afirmou o promotor.
As investigações indicam que empresas contratadas pela prefeitura estariam realizando pagamentos indiretos de bens em nome do gestor municipal, incluindo uma fazenda localizada em Tomé-Açu, avaliada em aproximadamente R$ 16 milhões, além de veículos de luxo e um apartamento na cidade de Fortaleza (CE).
A apuração prossegue com a análise das provas e a oitiva dos envolvidos, para que o Ministério Público possa concluir o relatório final e, conforme o caso, apresentar denúncia formal ao Poder Judiciário.
"Além da prova testemunhal, existem provas documentais. O que eu posso dizer é que, se os esclarecimentos que forem trazidos para esse processo apontarem pela inocência de qualquer um deles, certamente, é esse caminho que o Ministério Público do Estado do Pará vai tomar", concluiu o promotor.
Assessoria de Comunicação