Em capacitação realizada nesta quarta-feira (13) na Arena Guilherme Paraense (Mangueirinho), representantes de diversas instituições públicas estaduais e municipais participaram da qualificação de cerca de 1.600 agentes comunitários de saúde (ACS) em Belém, focando na prevenção e combate à doença de chagas, além da promoção à segurança alimentar no beneficiamento do açaí. A iniciativa é coordenada pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio do Núcleo de Defesa do Consumidor (NUCON).

Além do treinamento, foi apresentada a atuação do MPPA frente aos batedores de açaí da capital. Na ocasião, o Grupo de Apoio Técnico Interdisciplinar (GATI/MPPA) apresentou as boas práticas e as formas de manipulação do fruto para a venda.

Maria do Carmo Andion Farias, médica veterinária e técnica do GATI, alertou a população para que fique atenta à higiene do local, assim como à exposição da licença que é expedida pela vigilância sanitária do município. Ela também ressaltou a preocupação com pontos de venda que não aderem às condutas de segurança, colocando a clientela em risco. “Durante as visitas realizadas pelo GATI, foi identificado que diversos profissionais não utilizam as medidas preventivas da doença de chagas - como o branqueamento, que é o tratamento térmico; e a peneira do fruto antes de ser colocado no batedor”.

Durante o evento, a promotora de justiça e coordenadora do Nucon Érica Almeida salientou que ações como essa já foram realizadas no interior do estado, onde o agravamento da doença era acentuado. “Com o apoio dos agentes comunitários de saúde destas regiões afetadas, conseguimos reverter os números de incidências de casos da doença. Essa vitória é fruto dos profissionais de atenção básica de saúde, que chegam com facilidade à população”, disse, otimista com a participação massiva dos profissionais no treinamento.

No final do encontro, foi lançado e apresentado aos agentes o aplicativo “Açaí no Ponto” - iniciativa da Universidade Federal do Pará (UFPA) em parceria com a Secretaria municipal de Saúde (Sesma), Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa); e coordenada pelo MPPA. O app objetiva mapear os pontos de venda de açaí em Belém por meio do georreferenciamento - o que permitirá a criação de políticas de qualificação para os profissionais.

De acordo com Moisés Batista da Silva, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA e coordenador de Termos de Execução Descentralizada (TED) do Ministério da Saúde, “o aplicativo funcionará com geolocalização em tempo geral, que irá acompanhar as visitas de cadastramento dos pontos de venda do fruto, bem como mapear estes locais, além de conhecer e reconhecer toda a distribuição e venda do produto”.

A coordenadora do Nucon estima que, na grande Belém, haja em torno de 8 mil pontos de venda do produto; e reforça que os ACS não agirão como agentes de vigilância sanitária ou órgãos de fiscalização, mas promoverão o mapeamento para o planejamento de melhorias de políticas públicas e sanitárias, além de propiciar um alimento mais seguro e sem incidência de doença de chagas para cidade. A meta é realizar este cadastramento massivo entre os dias 1º e 5 de setembro.

Texto: Patrick Dias. Ascom/MPPA
Fotos: Patrick Dias. Ascom/MPPA e Bruno Cruz. Agência Pará