ATENDIMENTO AO CIDADÃO

Projeto Raízes Fortalecidas propõe mecanismos de preservação e realiza plantio de mudas de planta medicinal em extinção

Santarém 22/01/25 13:09

No último dia 21 de janeiro foram realizadas, em Santarém, atividades do Projeto Raízes Fortalecidas, executado por meio de parceria do Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Nierac) do MPPA com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e Arquidiocese de Santarém. Em reunião de trabalho com vereadores foi discutida a importância da implantação de um Banco de Germoplasma no município. No espaço Laudato Si e na fazenda da Ufopa foram plantadas mudas da espécie Uncaria tomentosa, conhecida como “unha de gato”, planta medicinal utilizada na medicina amazônica, que está em extinção.

As ações são relacionadas com o projeto FarmaFittos, desenvolvido desde 2021 pela Arquidiocese de Santarém e a Ufopa, promovendo a produção e distribuição de medicamentos fitoterápicos para minimizar efeitos de ansiedade e depressão, em ações nas comunidades do Tapajós, Parauá e Sucuruá. O projeto Raízes Fortalecidas prevê a ampliação do atendimento às populações interessadas e a execução de rodas de conversa, terapias culturais, cultivos, atendimento psicológico específico, oficinas e outras atividades.

Na sede da Promotoria de Justiça, a reunião com a participação dos vereadores de Santarém, Belterra e Mojui dos Campos, teve objetivo de discutir e sensibilizar sobre a importância da implantação de um Banco de Germoplasma, destinado à coleta e preservação de determinadas espécies, de modo a evitar que seu cultivo desapareça, a exemplo da Uncaria tomentosa, além de apresentar informações sobre o projeto e suas possibilidades na política de saúde pública dos municípios.

De acordo com a professora Ana Maria Soares Pereira, pesquisadora do Departamento de Biotecnologia Vegetal da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), a espécie Uncaria Tomentosa está em extinção e faz parte do Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) do SUS. “Isso significaria que essa espécie estaria disponível para a população como anti-inflamatório e antiviral. Mas a espécie está em extinção e se nós não plantarmos agora ela vai se extinguir completamente. Então o CNPQ financiou uma pesquisa para que a universidade pudesse multiplicar in vitro, com técnicas biotecnológicas, essa espécie, e trazer de volta para a Amazônia, e esse material ser cultivado para que no futuro possa ser amplamente distribuído e as populações possam fazer uso”.

A promotora de Justiça Lilian Braga, que coordena o Nierac, informou que a atividade é parte de procedimento do Núcleo e também diz respeito à atuação da 13ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, uma vez que se refere a questões ambientais, climáticas e a arborização na cidade. A promotora enfatizou a importância do uso da medicina tradicional por meio de fitoterápicos, de acordo com as normas da Anvisa e incluídos nos protocolos de atendimento. “Ao trabalhar com a política pública de plantas medicinais e fitoterápicos, várias funções a gente consegue desenvolver. Inicialmente atendemos uma demanda de saúde pública, porque a gente começa a identificar e perceber quais são as plantas que curam, e muitas delas estão nos nossos quintais, e isso pode ser desenvolvido e entregue à nossa população a partir do Sistema Único de Saúde”, disse a promotora.

O frei João Messias, coordenador das pastorais socioambientais da Arquidiocese de Santarém, enfatizou que o projeto é um resgate da identidade amazônica. “E ao mesmo tempo, um resgate da memória dos nossos antepassados, memória dos nossos avós, que tem um cultivo no seu quintal, que tem uma relação com a natureza, com as árvores, com os peixes, mas de modo particular com a floresta”, destacou. O professor Wilson Sabino, que coordena o projeto na Ufopa, falou sobre o histórico e as atividades do projeto.

Após a reunião, o grupo seguiu para o Espaço Laudato Si, da arquidiocese de Santarém, onde foi feito o plantio de 30 mudas de Uncaria, com a participação dos convidados. No período da tarde houve o cultivo de 100 mudas da mesma espécie, na fazenda da Ufopa, onde será implantado o Banco de Germoplasma. As mudas que foram plantadas em Santarém permaneceram por cinco anos no laboratório localizado em Jardinópolis (SP), e foram catalogadas e identificadas de acordo com as orientações da professora Ana Maria. Serão acompanhadas e comparadas com outras, plantadas em outros locais. Os resultados devem ser divulgados por meio de artigos científicos sobre a viabilidade de espécie, de acordo com ambientes diversos, possibilitando melhorar o cultivo e os usos terapêuticos.

Assessoria de Comunicação 

 

 

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